Consequências diplomáticas serão avaliadas a depender das declarações do presidente argentino
Integrantes do governo Lula avaliam que a participação do presidente da Argentina, Javier Milei, no evento conservador no próximo fim de semana em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, é “imprevisível”.
A avaliação é de que Milei, incentivado por bolsonaristas e na busca por se consolidar como uma liderança da direita, tende a subir o tom com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na primeira viagem como presidente ao Brasil, Milei não se encontrará com Lula, mas tem um jantar previsto com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no sábado (6).
No domingo (7), o argentino deverá fazer uma palestra na Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC). Os detalhes da agenda ainda estão sendo fechados.
A depender do que for dito e do contexto da agenda, assessores da área internacional relatam que o governo brasileiro não descarta consequências diplomáticas.
Até aqui, diplomatas do Brasil e Argentina têm buscado preservar as relações bilaterais, apesar dos atritos públicos entre os dois presidentes.
Considerada mais moderada que Milei, a chanceler argentina Diana Mondino mantém uma boa relação com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira.
O primeiro encontro entre eles ocorreu em novembro do ano passado, antes mesmo da posse de Milei na Casa Rosada. Os dois voltaram a conversar em fevereiro às margens das reuniões do G20, no Rio de Janeiro. Em abril, Mondino fez uma visita oficial ao Brasil.
Às vésperas da viagem, Milei, nesta terça-feira (2), voltou a acusar o presidente Lula de corrupção e disse, sem deixar claro a quem se referia, que quem o critica é um “perfeito dinossauro idiota.”
Na semana passada, Lula, em entrevista ao UOL, disse que ainda não conversou com Milei – que o chamou de corrupto ao longo da campanha eleitoral argentina – porque ele lhe deve um pedido de desculpas por falar “muita bobagem”. Por sua vez, o político argentino questionou “desde quando tem que pedir perdão por dizer a verdade.”
Javier Milei também desistiu de participar da Cúpula do Mercosul na próxima segunda-feira (8), em Assunção, no Paraguai, pois estaria com a “agenda sobrecarregada”. O presidente Lula estará presente.